quarta-feira, janeiro 30, 2008

Sono lento


Em dias sonolentos esquecer as mãos. É o dia do silêncio barulhento bem dentro de nós.
São dias apertados no horizonte das saudades. Para acordar o coração.
Nos dias sonolentos avariamos o tempo.
Lento... Lento...
Arrumamos as memórias num canto imenso dentro do peito.
Para que se calem e não façam barulho. Queremos o suave silêncio do coração que bate.
Nesse ruído despejamos à pressa o futuro, como quem enfeita um vaso de esperanças. São para oferecer à tristeza.
Nos dias sonolentos despejamos a solidão a correr à força da música. Não fazes parte desta pele. Não és daqui. A solidão faz-se convidada, mas não bate à porta. Entra sem pedir como um ladrão habituado a roubar lágrimas.
Dias sonolentos, dias apertados. São horas lentas que se apertam no segredo contado a correr ao mundo inteiro. Dias do ruído calado da saudade apertada.
São dias sonolentos.
De sono lento.
Há desejos na meia praia
E um amor inteiro na palma da mão

Vou mantê-la assim fechada
Para nunca o perder de mim

sexta-feira, janeiro 25, 2008

apetece-me escrever o mundo
faltam-me as palavras

apetece-me escrever a saudade
faltam-me as palavras

apetece-me escrever a música
faltam-me as palavras

apetece-me escrever a noite
faltam-me as palavras

apetece-me escrever as mãos
faltam-me as palavras

apetece-me escrever a viagem
faltam-me as palavras

apetece-me escrever o amor
faltam-me as palavras

apetece-me escrever o segredo
faltam-me as palavras

apetece-me escrever o futuro
falta-me a coragem
atropelei-me nos pensamentos
à pressa de pensar em ti

quem espera desespera

É extensa a espera, desespera.

É preciso paciência para esperar e... sabedoria! Não é fácil conduzirmo-nos sozinhos pelas estradas que desconhecemos. Questionamo-nos sobre o futuro, sobre o amanhã. Certo é que estamos aqui hoje, mas nunca saberemos onde estaremos amanhã. Somos peões no jogo de xadrez da vida. Peões são os que menos podem. Têm dificuldade de manobra e, vacilando, rapidamente entram em "cheque". Sobra sempre para os mexilhões da vida, mas nem sempre é o melhor.
Trazemos os sonhos às costas como um mochila carregada cheia de sorrisos e esperanças. Carregamos os sonhos apinhados entre a desconcertante incerteza da vida. Não há forma de mudar isto. A não ser deixar a mala para trás. Mas isso seria despedirmo-nos de um pouco de nós. Dessa parte de nós lunática e excêntrica que acredita que a vida nos reserva um futuro sempre melhor do que o presente. Seremos tolos? Seremos optimistas? Talvez sonhadores...
Não há dia que não olhe para a minha mala. Verifico se está tudo lá dentro. Com o passar do tempo corremos sempre o risco de ir perdendo alguns sonhos pelo caminho...

É extensa a espera, desespera.

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Tempo

Relógio enferrujado e preguiçoso
porque continuas a dar horas
como se estivesses parado?