sexta-feira, maio 25, 2007

coração embrulhado


Desfaço nós de mim

como quem lança à chuva

um cordão de memórias gastas


Arranco às nuvens algodão doce

para carregar às costas a solidão

como se fosse doce o silêncio


Atiro pedaços de mim ao largo

para não cair em tentação

coração emaranhado de ilusões

sós


Desafiei o abraço a ficar quieto

braços abertos e peito com peito

nós


Escrevi a branco nas paredes do sonho

para que não se possa ler os segredos

guardados entre a parede e a tinta da alma

Embrulhei o coração a saudades

para não as perder de mim


E porque a vida é feita de um balão de ar quente

humedecido a lágrimas

aconchego as palavras na almofada para não voarem

Sono triste de quem parte

amordaçado a penas

tão nossas


Trago lágrimas no bolso

que escondo para secar a pele

de ti



Fragatas caravelas e naus

que transportam o pensamento naufrago da certeza

saudade que nos arrasta mar adentro

mas


sonho


Tenho berlindes de encantar

atados aos pés

e trago o coração embrulhado entre as mãos


talvez para ti

segunda-feira, maio 21, 2007

noite


... tenho tanto medo de acordar a meio da noite a precisar de um regaço...


domingo, maio 20, 2007



De cada vez que me dei a ti,

deixei ficar pouco de mim...


Amarrei-me às tuas mãos

como se fossem únicas no mundo.

Talvez porque o eram...


Deixei-me ficar atrás de ti,

porque só TU eras importante!


E, bem vistas as coisas,

quem se perdeu fui eu...


Já nem as minhas lágrimas são tuas,

são cada vez mais minhas...


Moral da história: nunca entregar o coração a quem não sabe AMAR!

terça-feira, maio 01, 2007

olhares




Escondo-me atrás do olhar, atrás da mágoa fria. É difícil escrever, é difícil estar aqui... como quem espera uma dádiva que nunca chegará.

Dos olhos se lê a alma, verdadeira como só ela é. Não vale enganar o olhar. Não chegam os gestos, as palavras, os sonhos... a alma é quem diz a verdade.

E eu não sei onde escondeste a tua...


Mas sei que não a vou procurar. Talvez nem a queira conhecer. Talvez seja melhor ficar assim.

Dos olhos nasce o amor... a paixão... a saudade... a esperança... a tristeza... a ternura... a mágoa...

Mais do que com os lábios e com os olhos que sorrimos ou choramos. Sem impedimentos.


Mas, por vezes, escondemo-nos por detrás do nosso olhar. Mascarámo-lo. Tudo para não serem descobertas as nossas fragilidades, os nossos medos.


Olhar meu, quando voltarás a olhar o mundo com um sorriso rasgado?...